#Oceans30days30sketches_pag 3 | Águas do Algarve
Promovemos a universalidade, a continuidade e a qualidade dos serviços de águas, contribuindo para a sustentabilidade do setor e para a proteção dos valores ambientais

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plásticos

Day 21

Sal Marinho

De cor branca cristalina, o sal marinho resulta da evaporação da água do mar pela ação direta da luz solar.

Não passando por qualquer processo industrial, ao contrário do sal refinado ou purificado, o sal marinho recolhido de forma tradicional preserva nos seus cristais a maioria dos elementos minerais e oligoelementos naturais presentes na água do mar, ao passo que, outros tipos de sal são pobres nestes minerais ou enriquecidos posteriormente de forma artificial.

Com um sabor naturalmente mais forte do que o sal refinado, o sal marinho, além de nutricionalmente mais rico, permite ainda temperar os alimentos com recurso a uma menor quantidade. Isto é especialmente importante se tivermos em conta que a dose diária recomendada (DDR) de sal não deve exceder as 6 gramas.

Recolhida diariamente de forma paciente pelo salineiro à superfície dos cristalizadores de Sal, onde se forma somente em condições especiais de sol e vento, a flor de sal tradicional, considerada o produto estrela dos produtores de sal marinho, é constituída por películas de cristais finíssimos que se quebram ao mais pequeno contacto. O seu sabor delicado e a sua capacidade de dissolução tornam-na perfeita para temperar ao momento, sendo considerada um ingrediente de eleição pelos mais conceituados chefs em todo o mundo.

Em 2018, cerca de 95% de todo o sal marinho produzido em Portugal teve origem nas salinas algarvias. Apesar da costa atlântica portuguesa, compreendida entre a ria de Aveiro e a foz do Guadiana, apresentar potenciais aptidões para a produção deste produto, é o Algarve que reúne as melhores condições, existindo mais de 3 dezenas de salinas em atividade nesta região.

Nos concelhos de Olhão, Tavira e Castro Marim existem três núcleos importantes de salinas: Um conjunto de canais guia a água do mar até tanques pequenos e pouco profundos onde a água repousa até que o calor do sol a evapore, deixando a descoberto os translúcidos cristais de sal.

Com uma situação geográfica e geológica de eleição, estes “jardins de sal” reúnem as condições necessárias à criação de um produto natural, que preserva nutrientes marinhos e minerais importantes para uma alimentação saudável e equilibrada.

Estes viveiros marinhos naturais unem o equilíbrio ecológico e a preservação das espécies nas zonas de sapal dos parques naturais, a um aproveitamento económico gerador de riqueza e emprego. Além disso, o pitoresco labor, marcadamente artesanal, em conjunto com o azul do mar e o branco cristalino do sal, compõem paisagens únicas de elevado interesse turístico.

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Day 22

Micropláticos

Os microplásticos são partículas sólidas de polímeros de tamanho inferior a 5 mm. Estes materiais provêm de diversas fontes, introduzindo-se nos ecossistemas naturais. 

Devido às suas diminutas dimensões,os microplásticos conseguem muitas vezes passar pelos processos de tratamento de águas chegando aos oceanos. São ingeridos pelas mais variadas espécies, chegando aos seres humanos através da cadeia alimentar.

Os microplásticos podem ser primários ou secundários. Os primeiros consistem em partículas de plástico com uma dimensão original inferior a 5 mm, já tendo esse tamanho antes de se alojarem no meio ambiente, tais como microesferas, microfibras das roupas, nurdles, entre outros. Já os microplásticos secundários, consistem nas partículas inferiores a 5 mm criadas a partir da degradação de produtos de plástico maiores, após a sua entrada no meio ambiente.

As microesferas estão presentes em alguns cosméticos, como esfoliantes ou pastas dentífricas. Quando passam pelo processo de tratamento de águas residuais, muitas vezes não são totalmente filtradas devido às suas dimensões. Chegam assim aos rios e mares, são ingeridas pelos peixes e incorporadas no plâncton.

São também exemplos de microplásticos primários, as microfibras: partículas de plástico libertadas pelos tecidos sintéticos a cada lavagem.

Estima-se que os microplásticos primários representem entre 15 a 31% dos microplásticos presentes nos oceanos, ao passo que os microplásticos secundários correspondem a uma percentagem a rondar os 69% a 81%.

As fontes de microplásticos secundários incluem objetos como garrafas de água, redes de pesca, palhinhas, sacos de plásticos, filtros de cigarros, entre muitos outros detritos que chegam ao meio ambiente por acção humana e que sofrem desgaste por ação do tempo e dos elementos.

A degradação dos microplásticos é muito lenta, o que aumenta a probabilidade de estes serem ingeridos, incorporados e acumulados nos corpos e tecidos de diversos organismos.

Encontrados em quantidades crescentes nos oceanos, estima-se que em 2017 houvesse 51 biliões de partículas micro plásticas nos mares, número 500 vezes superior ao de estrelas na nossa galáxia.

Comumente ingeridos por animais marinhos, os microplásticos acabam por chegar ao ser humano através da cadeia alimentar. Por outro lado, já foram encontrados microplásticos em alimentos e bebidas como cerveja, mel, sal ou água da torneira.

Ciente da dimensão deste problema, a Águas do Algarve aposta constantemente na inovação e no melhoramento dos processos de filtragem e tratamento de águas residuais, de forma a minimizar ao máximo a libertação destes materiais no meio ambiente.

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Day 23

Energia Eólica Offshore

A energia eólica é gerada pela força do vento, mas de onde vem o termo offshore? Offshore significa “em alto mar” e, neste tipo de energia, as turbinas não são fixadas em terra firme, mas sim, em pleno mar alto! Parece estranho, mas esta é uma indústria cujo futuro se adivinha bastante promissor.

De facto, a energia eólica offshore permite obter potências significativamente superiores aos projetos terrestres, obtendo custos de manutenção por MW inferiores. Por esse motivo, este tipo de geração energética tem atraído o interesse dos principais promotores mundiais de projetos eólicos.

A instalação de um parque eólico offshore é um verdadeiro desafio, que envolve vários profissionais e diversos trabalhos preparatórios, tais como a dragagem do fundo do mar, a montagem, transporte e fixação das fundações, ou a instalação de cabos submarinos. 

Esta é uma energia 100% limpa, renovável e inesgotável. Além disso, o facto de, no mar, o vento manter uma velocidade constante, faz com que a exploração offshore da energia do vento seja muito mais rentável do que a sua congénere terrestre.

Os elevados custos e dificuldades logísticas associados à construção de um parque eólico deste género não põem, no entanto,em causa a sua rentabilidade: esta é de tal forma elevada que os investimentos são recuperados num curto espaço de tempo.

Claro que, como todas as formas de exploração de energia, também este acarreta alguma poluição visual e sonora, bem como, pode causar algum impacto na fauna, uma vez que são frequentes as colisões de aves com as turbinas. Ainda assim, os prós suplantam os contras e esta fonte de energia é uma forma privilegiada de reduzir a dependência energética dos combustíveis fósseis.

A energia eólica começou a ser explorada na década de 1970, motivada principalmente pela crise no petróleo que afetou a Europa, contudo, desde a antiguidade que a energia do vento é aproveitada para movimentar engenhos de todo o tipo. 

O primeiro parque eólico offshore do mundo foi construído ao largo da Dinamarca em 1991. Hoje em dia, este tipo de energia é explorado sobretudo no Mar do Norte, nas costas do Reino Unido, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca e na China.

Em Portugal, a primeira torre eólica flutuante foi instalada em 2011, ao largo da Aguçadoura perto da Póvoa de Varzim e, em outubro de 2019, foi instalada ao largo de Viana do Castelo, a primeira plataforma Windfloat Atlantic com vista à instalação do parque eólico flutuante da Europa continental.

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Day 24

Golfinhos

Sensíveis e brincalhões,os golfinhos são animais encantadores, associados, desde a Antiguidade, a qualidades como a alegria, a telepatia, o amor, a transformação e a pureza.

Os golfinhos são mamíferos aquáticos da família dos cetáceos. Existem 37 espécies conhecidas de golfinhos de água salgada e de água doce, que podem ser encontrados em todos os ambientes do mundo, com exceção dos pólos.

Os golfinhos são nadadores exímios que conseguem atingir uma velocidade de até 40 quilometros/hora, mergulhar a grandes profundidades e saltar até cinco metros acima do nível da água. 

O seu peso e envergadura é tão variável quanto o número de espécies existentes. Em termos de comprimento um golfinho pode chegar aos 10 metros e o seu intervalo de peso pode variar entre os 50 e os 7000 quilos.

Com uma alimentação baseada em peixes e lulas, os golfinhos têm uma esperança média de vida que pode atingir os 50 anos. São animais sociáveis que vivem em grupo, convivem pacificamente com outras espécies e são amigáveis com humanos.

Donos de uma enorme inteligência, são frequentemente treinados em cativeiro para executar uma grande variedade de tarefas, só possíveis pelo facto de, mais nenhum animal além do Homem possuir uma variedade tão grande de comportamentos que não estejam diretamente ligados às atividades biológicas básicas.

Para além de uma visão apurada, estes animais possuem ainda um extraordinário sentido de ecolocalização que usam para identificar obstáculos, caçar, encontrar membros do grupo, ou reconhecer predadores.

Os predadores dos golfinhos são as orcas, alguns tubarões e, principalmente, o homem que, em certas partes do mundo, como o Japão, continua a capturá-los para consumo da sua carne ou para serem vendidos para os parques aquáticos.

Apesar de em Portugal ser proibido pescar golfinhos, estima-se que, por cá, o encontro acidental com redes de pescas ativas ou abandonadas, mate cerca de 1 golfinho por dia. 

Em Portugal, o estuário do Sado, o Algarve e os arquipélagos dos Açores e da Madeira são os locais de eleição para avistar golfinhos. A população residente de golfinhos roazes do Sado é única em Portugal e rara no mundo.

Nos Açores, podem ser observadas mais de 2 dezenas de espécies, algumas delas residentes nas águas do arquipélago. 

Já no Algarve, apesar de não existirem espécies residentes, é frequente encontrar golfinhos que circulam em busca de águas mais quentes e de mais e melhor alimento. Nas Zonas de Sagres, Olhão ou Faro é frequente observar roazes corvineiros ou o chamado golfinho comum (Delphinus delphis).

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Day 25

Ilhas de lixo

Desde o seu surgimento nos anos 50, já foram produzidas mais de 3.8 mil milhões de toneladas de plástico no mundo. Destas, cerca de 6,3 mil milhões transformaram-se já em lixo. De todos esses detritos, apenas 21% foram reciclados ou incinerados, restando 79% espalhados pelo meio ambiente, sobretudo nos oceanos.

Todos os anos chegam aos oceanos cerca de 13 milhões de toneladas de plástico, sendo que 80% de todo o lixo marinho do mundo é composto por este material. Estes detritos são resultado de mais de seis décadas de descargas vindas de terra firme e do tráfego marítimo e transformam os nossos oceanos em autênticos depósitos de lixo, existindo, atualmente, 5 gigantescas ilhas de plástico no planeta, espalhadas pelos diferentes oceanos.

Estas ilhas são formadas, maioritariamente, por microplásticos que se juntam devido às correntes rotativas dos oceanos. As maiores ilhas de lixo ficam, por isso, situadas nos principais vórtices oceânicos, existindo, contudo, outras de menor dimensão no mar das Caraíbas e no Mediterrâneo.

A maior destas ilhas foi descoberta em 1997 no Pacifico Norte, entre o Havai e a Califórnia. Estima-se que contenha 1.8 triliões de plásticos e microplásticos com um peso total a rondar as 80 000 toneladas e uma extensão de 1,6 milhões de km quadrados, o equivalente a 3 x a França ou 15 x Portugal. Os materiais de pesca abandonados ou esquecidos no mar são a sua principal fonte de detritos.

Em 2009 foi descoberta uma nova ilha de plástico no Atlântico Norte, cujas dimensões concretas não são ainda conhecidas.

Em 2010 no Oceano Índico, ao largo da Austrália, foi detectada outra destas ilhas com uma extensão entre os 2 e os 5 km quadrados e, em 2011, uma ilha com aproximadamente 2.6 km quadrados foi também encontrada no Pacífico Sul. A densidade de partículas no centro desta última ronda as 400 000 partículas por metro quadrado.

 Já em 2017, confirmou-se a existência de uma ilha de lixo plástico no Atlântico Sul que contém cerca de 2860 toneladas de plástico numa extensão de 0,7 km quadrados.

Estas ilhas, também apelidadas de “os 5 continentes da vergonha” estão intimamente relacionadas com a destruição dos ecossistemas marinhos e com a morte de mais de 1 milhão de animais por ano. Além disso, comprometem a subsistência de várias comunidades piscatórias, prejudicam a qualidade do ar e contribuem para o aquecimento global, devido à emissão de gases de efeito estufa resultantes da degradação do plástico pela luz solar.

Estes números são, por si só, assustadores, mas tudo se torna ainda mais alarmante se tivermos em conta que o lixo que flutua à superfície corresponde a apenas 15% do total de plásticos que habitam os oceanos. 85% do plástico permanece escondido debaixo de água ou, até, preso no gelo do ártico. A situação é de tal maneira calamitosa que se prevê que em 2050 possa haver no mar mais plástico do que peixes.

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Day 26

Polvo

De aspecto peculiar e muito apreciado nas mesas portuguesas, o polvo deve o seu nome ao termo grego pól'ypous que significa “de muitos pés”.

Os polvos são moluscos marinhos da classe Cephalopoda, que possuem oito braços fortes com ventosas dispostos à volta da boca. Tal como os restantes cefalópodes, o polvo tem um corpo mole, mas, ao contrário de alguns, não possui esqueleto interno nem externo.

Donos de uma visão apurada, os polvos são predadores natos que se alimentam de  peixes, crustáceos e outros invertebrados, que caçam com os braços e matam com o bico quitinoso.

Para se protegerem dos predadores, os polvos têm algumas armas secretas, como a capacidade de expulsar tinta e de se camuflarem por via da mudança de cor ou a autotomia dos braços, que lhes permite libertar um dos braços do corpo de forma a distrair o predador no acto da perseguição.

Estudos sugerem que os polvos têm uma inteligência superior a qualquer outro animal invertebrado. Estas capacidades podem dever-se a necessidades de sobrevivência: de forma a proteger o seu corpo frágil e sem carapaça, o polvo acabou, ao longo dos tempos, por desenvolver mecanismos de defesa e por adotar comportamentos que permitissem a continuidade da espécie. Um estudo de 2021 sugere que os polvos possam sentir dor psicológica tal como os mamíferos, sendo esta, a primeira evidência de um comportamento deste género num animal invertebrado.

O polvo é a estrela de diversos pratos da gastronomia portuguesa e, em 2013, era a segunda espécie mais pescada em Portugal, logo a seguir à sardinha. 

Com a maior frota dedicada à apanha de polvo do país, o Algarve é a região portuguesa mais vocacionada para a pesca deste molusco, sendo que, em 2014, 43% de todo o polvo pescado em Portugal provinha de águas algarvias.

Em Portugal, a maior parte do polvo é capturado através do uso de armadilhas de gaiola, como covos ou murejonas, geralmente iscadas, onde os polvos entram à procura de alimento e de onde não conseguem voltar a sair. Outra arte de pesca tradicional muito usada para a captura desta espécie são os alcatruzes, uma espécie de potes, tradicionalmente de barro, mas também fabricados em plástico, onde os polvos entram à procura de abrigo.

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Day 27

Expansão marítima

Os portugueses foram os primeiros europeus a lançar-se por “mares nunca dantes navegados”, nos séculos XV e XVI, movidos pela progressiva participação lusitana no comércio europeu do século XV, após a ascensão de uma burguesia endinheirada que investiu nas navegações com o intuito de comercializar com diferentes partes do mundo.

Mas a denominada Expansão Marítima Europeia teve na sua génese diversas motivações: a obtenção de riqueza, tanto pela exploração da terra, como do trabalho escravo; a expansão territorial; a difusão do cristianismo junto de outras civilizações e, não menos importante, o desejo de aventura e a tentativa de superar os perigos do mar, esse gigante misterioso.

Na Idade Média as teorias teocêntricas e a crença de que a terra era plana, dominavam as mentalidades, sendo que, apenas no Renascimento, começaram a surgir outras leituras do planeta.

Foi nessa época que foi criada, sob o comando do Infante D. Henrique, a Escola de Sagres, dedicada aos estudos náuticos.  O desenvolvimento de áreas científicas ligadas à navegação e à geografia foi preponderante para que Portugal se lançasse nesta aventura por mares que antes se julgavam habitados por monstros tenebrosos. Com o passar do tempo, a Escola de Sagres tornou-se uma referência para diversos estudiosos como cosmógrafos, cartógrafos, mas também para mercadores e aventureiros que viram nos Oceanos um veículo importante para alargar os seus horizontes.

Além de superar os perigos reais (as tempestades, os danos nas embarcações, as doenças, a fome e a sede), os navegadores, pela mentalidade medieval, tinham ainda que superar os medos imaginários (os monstros marinhos, a zona tórrida ou a dimensão plana do planeta, que os ia aproximando do abismo conforme navegavam). Estes medos, fruto da imaginação, só puderam ser ultrapassados graças às inovações técnicas e tecnológicas que propiciaram outro “olhar” sobre o mar e a  navegação.

O processo de expansão teve início no ano de 1415 em Ceuta, considerada a primeira descoberta dos europeus durante a Expansão Marítima.

O principal objetivo dos navegadores portugueses da época era dar a volta ao continente africano e, em 1488, Bartolomeu Dias, dobrou o Cabo das Tormentas. Debelado que foi o medo de encontrar gigantes aterradores e ultrapassadas as tempestades que ensombraram a viagem, o cabo foi rebatizado de Cabo da Boa Esperança por marcar a entrada num novo oceano, o Índico.

Em 1498, Vasco da Gama fez o caminho marítimo para a Índia e,  em 1500, outro navegador lusitano, Pedro Álvares Cabral, deslocou-se com uma grande frota de embarcações com o intuito de fazer comércio com o Oriente, tendo acabado inesperadamente por chegar ao chamado ‘Novo Mundo’ - o continente americano.

Com o desenvolvimento dos estudos marítimos, os portugueses tornaram-se grandes comerciantes, prosperando, produzindo novas embarcações e formando grandes navegadores. Durante as Grandes Navegações, Portugal transformou-se num dos mais importantes entrepostos comerciais do Mundo e descobriu no Oceano, mais do que uma fonte de sustento, um importante meio de transporte e expansão comercial e territorial.

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Day 28

Tesouros Afundados

"O oceano é o maior museu do mundo" e há muita gente a fazer dinheiro com a caça ao tesouro em navios afundados.

Só na costa portuguesa estão cerca de 10 000 navios submersos: entre Naus e Galeões, são inúmeros os tesouros escondidos no fundo do mar.

Por outro lado, estas embarcações afundadas, quer por causas naturais como por mão humana, são também importantes atrações turísticas, havendo mergulhos organizados para visitar os seus destroços.

A Arqueologia subaquática é a área do conhecimento que se dedica à prospeção desses tesouros, abandonados durante séculos nas profundezas dos oceanos, no entanto, a ciência encontra um enorme inimigo, os piratas dos tempos modernos: caçadores de tesouros que se dedicam a pilhar as antigas embarcações afundadas e a roubar todos os objetos de valor que lá encontrem.

Os Açores são um ponto fulcral de naufrágios da época moderna, constituindo, por isso, o alvo principal das empresas que se dedicam à caça ao tesouro em território português. Nas águas do arquipélago encontram-se 200 navios submersos e, no seu interior, escondem-se tesouros valiosos que são cobiçados por este tipo de companhias: ouro, prata, porcelana chinesa e jóias, que, posteriormente, conseguem vender em leilão um pouco por todo o mundo. 

De todos os navios portugueses da época dos descobrimentos, apenas 3 foram escavados cientificamente, ao passo que, dezenas de outras embarcações que participaram da expansão marítima portuguesa foram completamente pilhadas por caçadores de tesouros.

Portugal foi um dos primeiros países a aderir à Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático. Na mesma altura foi criado o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, no entanto, as intenções de fazer o levantamento de todos os navios naufragados e de levar todos os vestígios recolhidos para museus, de forma a torná-los património público, esbarra muitas vezes com entraves legais, interesses económicos ou dificuldades logísticas.

Mesmo que um navio tenha sido afundado e abandonado por centenas de anos, o proprietário original - um governo ou uma família, por exemplo - pode ainda reivindicar os direitos de propriedade.No entanto, a decisão sobre a propriedade pode ser complicada pela localização do naufrágio, se estiver nas águas territoriais de outro Estado.

Muitas vezes estes entraves e indefinições legais arrastam-se durante anos, deixando o caminho aberto aos caçadores de tesouros que pilham e tudo o que encontram de valor para, depois, leiloar a preços exorbitantes. Outras vezes, esta espera é suficientemente longa para que a própria natureza se encarregue de destruir o que resta desses tesouros subaquáticos e, enquanto isto acontece, o património histórico, que se quer de todos, vai-se perdendo para sempre.

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Day 29

Fármacos Marinhos

Fonte de alimento e energia, local de comércio, transporte e lazer, o mar é também fonte de substâncias naturais imprescindíveis ao desenvolvimento de medicamentos.

A procura por fármacos marinhos cresce a cada dia: o genoma de tubarões é descodificado de forma a poder contribuir para a cura de vários tipos de cancro; as lesmas do mar são estudadas no âmbito da terapia genética; as bactérias oceânicas são usadas nos testes à Covid 19… Entre outras possíveis utilizações dos milhões de organismos disponíveis nos oceanos.

O primeiro fármaco com origem marinha, remonta aos anos 50. Um composto químico extraído de uma esponja do mar foi reproduzido molecularmente em laboratório, dando origem a um medicamento destinado a combater a leucemia e a um antiviral para tratamento do herpes. Anos mais tarde, a mesma substância serviu de molde ao desenvolvimento do primeiro medicamento de combate à SIDA.

O oceano oferece hipótese de tratamento para algumas das piores ameaças à saúde pública: dos surtos virais, à resistência aos antibióticos, passando pelas várias formas de cancro, ele fornece, não só matéria-prima, como biomassa, bactérias ou património genético, retirados de elementos tão diversos como esponjas do mar, mexilhões, algas, cianobactérias, fungos, entre outras...

Na Europa, o setor da biotecnologia azul está em crescimento e deverá valer 10 mil milhões de euros, até ao final da década, além de ter um impacto extraordinário na vida humana.

Os especialistas defendem que não é preciso inventar novas moléculas, mas sim, procurar as que já existem nos milhões de micro-organismos oceânicos e transformá-las de forma a responderem às necessidades clínicas. O grande desafio para a comunidade científica é tirar partido do potencial curativo dos oceanos sem prejudicar a saúde da vida marinha. 

Em Portugal, os investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, estão a recolher cianobactérias que, pela sua variedade de compostos de elevada toxicidade, possuem um enorme potencial medicinal, nomeadamente nas áreas do cancro, diabetes e obesidade

Já no Algarve, a empresa de biotecnologia portuguesa Sea4Us está a desenvolver um analgésico destinado ao combate da dor crónica, através de organismos marinhos simples como esponjas do mar e outros invertebrados. A preocupação com a preservação dos ecossistemas marinhos é uma constante nesta investigação, cujo impacto da recolha é praticamente nulo. A ideia é retirar inspiração da natureza para depois poder recriá-la numa escala industrial, sem nunca depender da exploração da biomassa oceânica.

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Day 30

Os Oceanos

Responsáveis pela cobertura de 70% da superfície terrestre, os oceanos contém cerca de 1,35 biliões de quilómetros cúbicos de água, o que representa 97% de toda a água do planeta, sendo aos oceanos que a terra deve todas as formas de vida. Eles desempenham um papel vital no clima e são responsáveis pela regulação da temperatura em todo o planeta.

Das zonas litorais, às profundezas do mar, o oceano transborda de vida. As centenas de milhares de espécies marinhas variam desde algas microscópicas à maior criatura do planeta, a baleia azul. Mas, além dessa enorme riqueza natural, os oceanos desempenham um papel determinante na vida humana: são fonte de alimento, rota de comércio e exploração, fornecedor de recursos variados e local de lazer e diversão.

 A grande massa de água a que damos o nome de oceanos, subdivide-se em cinco grandes partes. Essas partes, apesar de, em conjunto, formarem um só oceano, apresentam entre si características bem distintas.

Com cerca de 180 milhões de Km2, o Oceano Pacífico é o maior dos Oceanos. Ele separa a Oceania, a Ásia e a costa oeste do continente americano. É nas suas águas, que se encontra o ponto mais profundo de todos os oceanos, bem como inúmeros vulcões subaquáticos.

Responsável por separar as Américas, a África e a Europa, o Atlântico é o segundo maior oceano do mundo. Dividido pela linha do equador, o Atlântico inclui mares como o Mediterrâneo, o mar do Norte, o Báltico e o mar das Caraíbas. O Atlântico é o grande protagonista mundial das principais trocas comerciais, apresentando o mais intenso tráfego marítimo e aéreo transoceânico do mundo.

Também chamado de “mar das índias”, o Índico é a 3a maior divisão oceânica do mundo, cobrindo aproximadamente 20% da superfície da Terra. Pontilhado por centenas de ilhas, é na sua área geográfica e, sob a sua influência, que se verificam as monções, bem como, uma grande frequência de ciclones.

Situado na região do polo norte, as águas do Oceano Ártico banham porções do continente europeu, do continente asiático e partes do continente americano. Este é o mais pequeno e raso dos oceanos, e as suas águas permanecem congeladas durante grande parte do ano.

Ao Oceano que banha o Polo Sul da Terra, dá-se o nome de Antártico. É o conjunto das águas que banham o Continente Antártico, mas que, na realidade, constituem o prolongamento meridional do oceano Atlântico, oceano Pacífico e oceano Índico. Com águas que chegam a atingir os -60 graus, este oceano encontra-se repleto de icebergs que representam um enorme perigo para a navegação. Este é o 4º oceano do mundo em termos de dimensão e a sua fauna inclui pinguins e focas. 

Os Oceanos estão em risco. As diferentes formas de poluição devastam os ecossistemas marinhos, colocam em risco a fauna e acidificam as águas. Por outro lado, também o aquecimento global acarreta consequências para os ecossistemas oceânicos, contribuindo para o aumento do nível do mar e para uma subida da temperatura das águas, pondo em risco, não só, espécies como focas e baleias, que vivem em águas frias, mas comprometendo também o crescimento do plâncton, base de toda a cadeia alimentar marinha. Além disso, o aquecimento global faz derreter os glaciares, conduzindo a um aumento do nível do mar que ameaça os ecossistemas e as populações costeiras. 

É necessário agir de forma urgente e concertada à escala mundial para combater os fatores que colocam em risco os oceanos e toda a vida do planeta. O Futuro da Terra está nas mãos de todos: desde os governos aos agentes económicos, passando por cada um de nós enquanto cidadãos e consumidores.