ETAR da Boavista | Águas do Algarve
Promovemos a universalidade, a continuidade e a qualidade dos serviços de águas, contribuindo para a sustentabilidade do setor e para a proteção dos valores ambientais

ETAR da Boavista

A ETAR da Boavista situa-se na freguesia do Carvoeiro, concelho de Lagoa, a cerca de 150 m de um aglomerado populacional, junto a uma linha de água afluente à Ribeira de Alcantarilha. O subsistema interceptor é constituído por 7,929 km e por um conjunto de 5 elevatórias.

Reactor biológico com remoção nutrientesETAR encontra-se dimensionada, para uma população de 22.120 e.p. o que corresponde a um caudal de 6221 m3/dia, tendo em conta a população servida no ano horizonte de projecto, ano 2033. O sistema de tratamento contemplado é o sistema de tratamento biológico por lamas activadas em regime de arejamento prolongado com nitrificação/ desnitrificação e remoção biológica e química de fósforo, materializada através de dois reactores biológicos e dois decantadores secundários, constituindo duas linhas de tratamento.

O O afluente bruto à ETAR é submetido a umtratamento preliminar, que inclui uma gradagem dos sólidos de maiores dimensões e o desarenamento/ desengorduramento das areias e gorduras.

De seguida, as águas residuais são enviadas, para uma ou duas linhas detratamento biológico, consoante o caudal afluente à ETAR, que contemplam dois reactores biológicos e dois decantadores secundários. Cada reactor biológico encontra-se subdividido em três zonas distintas, uma anaeróbia, anóxica e aeróbia, permitindo assim, a remoção biológica da matéria orgânica e de nutrientes (azoto e fósforo). A remoção do fósforo é ainda coadjuvada através da adição de um coagulante, o sulfato de alumínio.

Nos decantadores secundários são removidos os sólidos provenientes do tratamento biológico, obtendo-se um efluente tratado, o qual é descarregado para a vala da Lameira.

De forma a, reutilizar internamente o efluente tratado no interior da ETAR, parte deste é filtrado, em filtros de areia e desinfectado no canal UV, para a remoção dos microrganismos.

Relativamente às lamas acumuladas nos decantadores secundários, uma fracção é recirculada ao tratamento biológico e a outra é submetida a tratamentos adicionais, designadamente espessamento gravítico e desidratação mecânica por centrífugas. Existe ainda um sistema de calagem que pode ser utilizado após desidratação, caso se justifique. Após estas operações as lamas são armazenadas no silo.

A ETAR dispõe ainda de um sistema de desodorização por lavagem química. Os reagentes utilizados são o hipoclorito de sódio, o ácido sulfúrico e a soda cáustica.

Diagrama do processo de tratamento da ETAR
Diagrama do processo de tratamento da ETAR

Descrição das etapas de tratamento da ETAR

 

Linha Líquida

1. Gradagem – Remoção dos sólidos de maiores dimensões afluentes à ETAR, logo na primeira etapa, para impedir que certos materiais de determinadas dimensões prejudiquem os diversos equipamentos a jusante e diminuam a eficiência dos processos de tratamento. Esta operação é efectuada por dispositivos designados por grades constituídos por barras ou varões metálicos, dispostas paralelamente e igualmente espaçadas longitudinalmente ao canal.

2. Desarenamento/ Desengorduramento- A operação de desarenação destina-se a remover da água apenas os materiais mais pesados, em geral, partículas de granulometria superior a 200 micra (metais, areias, carvão, etc), permitindo a passagem de sólidos de natureza orgânica. A inclusão da desarenação no sistema de tratamento permite evitar a ocorrência de depósitos de areias nos canais e condutas, protegendo os equipamentos contra desgaste de abrasão, evitando ainda a sobrecarga dos órgãos de tratamento a jusante, resultante da diminuição do volume útil.

A extracção de areias que se depositam no fundo é efectuada por bombagem, através de grupos electrobomba associados ao funcionamento da ponte raspadora. O desengorduramento permite remover as gorduras através da emulsão das mesmas, evitando que estas se acumulem nos reactores e prejudiquem o tratamento biológico.

3. Tratamento Biológico Remoção da matéria orgânica e de nutrientes da água residual

3.1 Reactor Biológico- No reactor biológico é onde se promove o contacto entre a matéria orgânica (substrato) presente na água residual e os microrganismos que a podem oxidar, sob a presença de oxigénio. Deste contacto forma-se uma matriz de flocos biológicos em suspensão, resultantes da floculação de partículas coloidais orgânicas e inorgânicas e da população microbiana, designados por lamas activadas. O material em suspensão, os designados flocos biológicos, vai-se tornando consistente à medida que os mecanismos de degradação se processam, sendo removido posteriormente, por decantação secundária. O reactor biológico tem três zonas, uma anaeróbia destinada à remoção de fósforo, uma zona aeróbia (com arejamento), para a oxidação da matéria orgânica e ainda uma zona anóxica (isenta de arejamento), sendo estas últimas zonas essenciais ao desenvolvimento de mecanismos de nitrificação/ desnitrificação, necessários à remoção do azoto.

3.2 Decantação Secundária Nos decantadores secundários é onde se dá a remoção da matéria em suspensão, através da separação sólido-líquido. O comportamento no decantador secundário é, geralmente, descrito pela teoria do fluxo de sólidos que agrega de três mecanismos independentes:
Clarificação: zona de separação sólido-líquido para produzir um efluente livre de sólidos em suspensão, muitas vezes associado a uma zona morta; 
Espessamento: zona onde se processa a redução da quantidade da fase líquida na lama
Armazenamento e compressão das lamas: zona de acumulação e de compressão de lamas resultante do próprio peso das mesmas.

4. Filtração para Reutilização. O efluente é filtrado em filtros de areia, de forma a serem removidos os sólidos residuais presentes no efluente secundário, de forma a que a água atinja um determinado grau de qualidade para reutilização interna, para ser utilizada como água de serviço.

 

Linha Sólida

5. Espessamento - O espessamento é um processo que tem como objectivo a separação das fases líquida e sólida da lama, reduzindo o seu volume e aumentando seu teor de matéria sólida. O sobrenadante do espessador é recirculado para montante do tratamento primário ou biológico, pois apresenta um valor ainda mais elevado de matéria orgânica biodegradável.

6. Desidratação - Trata-se de um processo para diminuir o teor de humidade nas lamas obtendo-se, desta forma, uma lama com um teor de sólidos mais elevado. Podem ser utilizados processos naturais de secagem (leitos de secagem) ou equipamentos electromecânicos apropriados ( filtros de banda, filtros de prensa, centrífugas, por exemplo). As escorrências dos sistemas de desidratação devem ser recirculadas para montante do tratamento primário ou secundário pois contêm elevada concentração de matéria orgânica biodegradável.

7. Estabilização Fisico-Química – O processo mais comum de estabilização química consiste na calagem das lamas, recorrendo à adição de cal civa (CaO) ou de cal hidratada (Ca(OH)2). A adição de cal viva conduz a uma aumento do pH para valores superiores a 12, provoca uma reacção exotérmica, tendo como resultado a elevação da temperatura e a destruição dos microrganismos. Deste modo evita-se, ainda, a libertação de odores. A adição de cal pode ser feita antes ou após desidratação.

 

Linha Gasosa

8. Desodorização: Os sistemas de lavagem química em torres (“scrubbers”) são especialmente utilizados em instalações de média e grande dimensão.
O tratamento baseia-se em promover o contacto entre o ar contaminado por compostos responsáveis pelos odores e soluções de compostos químicos capazes de oxidar e neutralizar aqueles compostos.
Os oxidantes utilizados mais correntemente são o ácido sulfúrico e o hipoclorito de sódio em condições alcalinas.
O contacto é efectuado em contracorrente no interior de uma torre onde é injectado em baixo o ar contaminado e em cima a solução do oxidante. O oxidante é pulverizado a partir do topo da torre e à medida que o ar sobe através do meio húmido os compostos odoríferos são dissolvidos e oxidados.
Na primeira torre processa-se a neutralização dos derivados azotados (amoníaco, aminas, etc) através da dosagem de ácido sulfúrico (pH=3, 98%), enquanto que na segunda torre processa-se a neutralização de H2S, mercaptanos e outros compostos ácidos através da dosagem de hipoclorito de sódio (pH=11, 14%) e de hidróxido de sódio (25%).

 


 

Localização Geográfica: